01/12 - Aula de Velejar (parte 1)


Não foi uma noite agradável, desde que aconteceu este apocalipse, diria que foi uma das piores noites das quais dormi. Sensação de que havia algo estranho acontecendo. Acordei pelas cinco da manhã, ainda estava amanhacendo, e vi que Aldo também estava acordado. Conversamos um pouco e percebi que havia movimento no quarto do nosso hospedeiro misterioso. Fui até lá e bati na porta, pedindo permissão para entrar. Ele, na verdade é uma ela, Lúcia, pesquisadora médica que estava bem informada, com um laptop e energia gerada por um motor de barco, aquele que encontramos do lado de fora deste forte. Além disso nos enganou, fazendo marcas de agulha em nossos braços nos fazendo acreditar que tínhamos sido contaminados com algum tipo de doença fatal (que não a praga).
Conversamos com ela que nos enganou, mas ainda assim descobrimos uma coisa muito interessante, o adolescente Antônio (que ainda nos surpreende por estar a tantos dias com uma mordida de zumbi e passar bem) tem uma certa imunidade ao causador desta doença, pode ser a peça para descobrir uma cura para essa praga. No entanto, essa descoberta nos leva a um novo objetivo, levar esses dados para a sede militar mais segura e atual: Manaus, onde se encontra também o governo Brasileiro. Subimos uma das torres do castelo junto com a doutora para que ela nos mostrasse o barco a vela, com qual poderíamos ir a Manaus.
Enquanto discutíamos uma estratégia de ação, ouvimos um barulho vindo do primeiro andar. Descemos as escadarias da torre onde subimos para ver o barco a vela, e vimos uma multidão de zumbis saindo de um quarto do lado oposto ao qual passamos a noite.

Noções básicas de Vela


Para orientar um barco à vela usa-se o leme. É uma peça submersa e normalmente ligada ao casco no painel de popa ou próximo deste. É mudando a direção do leme que alteramos o rumo ora para bombordo, se o leme for deslocado para a esquerda, ora para estibordo, se for deslocado para a direita. O leme é manobrado por uma roda de leme ou uma cana do leme que o faz girar em torno de um eixo alterando assim a sua posição. Quando se usa uma roda de leme a atuação é semelhante ao volante de um automóvel, felizmente este é o nosso caso!
Existem forças externas, como as correntes e o vento que provocam um abatimento ou deriva no rumo da embarcação. Não podemos neste caso aproar diretamente ao nosso destino e será preciso escolher uma direção cuja resultante seja em função da força da corrente, velocidade do barco e distância a percorrer (matemática trigonométrica, mas a Lúcia disse que disso ela mesmo cuida).
O lado de onde sopra o vento designa-se por barlavento e o lado para onde vai o vento chama-se sotavento. Quando a proa do barco se aproxima da direção do vento diz-se que estamos a orçar, enquanto que quando a proa se afasta do vento diz-se que estamos a arribar. O nome das mareações, a maneira de como um veleiro navega segundo a direção do vento, depende da direção deste em relação ao barco. Assim quando um barco navega com vento pelas amuras, diz-se que bolina. Se a direção do vento é entre o través e as alhetas o veleiro navega a um largo e se vier pela popa navegamos simplesmente a uma popa.


Essas informações e mais algumas direções de Lúcia é o que nos serão necessário para velejar.

(Informações e figuras reescritas e desenhadas baseadas neste site)

Helicóptero - parte 2 de 2


Nícolas dirigiu muito bem, desviando dos zumbis para evitar sujar muito o carro e chamar a atenção, indo em direção à Praia Brava. Passamos por uma loja de surf, pois ele teve a ideia de pegarmos alguma roupa de mergulho, del prene funcionaria muito bem para nos proteger.
Mais pra frente encontramos um helicóptero, que visão engraçada, aquele objeto descomunal e fora de seu local comum. Estava ali parado perto de um posto de gasolina, quebrado e abandonado. Desengonçado.
Hector e Aldo entraram no helicóptero e conseguiram algumas coisas importantes como corda e tubo de oxigênio. Não podíamos ficar muito tempo e logo seguimos nossa viagem. Encontramos um barco e, já que surgiu novamente a oportunidade de ir até Florianópolis (onde se encontrava o militar com o qual fizemos contato), este barco nos atraiu. Subimos logo no barco e seguimos em direção a Floripa. Era um barquinho a motor e estava abandonado na praia brava.
A gasolina do motor logo acabou e tivemos que remar boa parte do percurso. Como estava escurecendo, começamos a procurar um lugar para passar a noite, conseguimos avistar um forte em Anhatomirim e resolvemos parar lá antes de escurecer.
Dirigimo-nos à porta, olhamos em volta, e tentamos abri-la. Estava fechada, mas logo ouvimos um barulho vindo de dentro. Um estranho de capa atendeu à porta, disse que o lugar estava cercado de guardas cuidando do forte, e que caso tentássemos alguma coisa eles atirariam. Não consegui ver nada, Aldo mais tarde disso que ele estava mentindo. Por isso mesmo, e por não termos outras opções, resolvemos ficar ali. Ele nos dirigiu ao quarto onde estou escrevendo estas linhas. Estamos muito cansados...

30/11 Helicóptero - parte 1


Depois de uma noite de sonho em um hotel aqui perto de Itajaí, acordamos para o antigo pesadelo de seguir em frente, afinal este lugar não é seguro, é um ponto entre duas cidades perto do nosso último encontro com os militares, eles não deixariam de nos procurar aqui.
A primeira ideia era descer o morro, encontrar um carro e seguir para o norte. Colocando este plano em prática logo após o café da manhã, Hector e Nícolas, foram buscar carros e coisas para seguir viagem, eu e Aldo ficamos atentos a movimentos suspeitos e andarilhos do alto do morro.
Antônio estava se sentindo um pouco melhor e ficou com a gente, conversamos um pouco e descobrimos que ele foi abandonado por que havia sido mordido por um dos andarilhos! Muitas coisas passaram por nossa cabeça, em abandoná-lo, em matá-lo por clemência... tudo é muito confuso neste mundo pós apocalíptico.
No entanto, estranhamente a sua ferida estava cicatrizada e, de acordo com Hector, aquilo já era de umas duas semanas em média. Todos ficamos muito preocupados, mas ele parece muito bem, e sem febre. De acordo com ele mesmo, ele chegou a desmaiar pouco tempo após ter sido mordido. Mas acordou algum tempo depois trancado naquela sala onde o encontramos.
Levamos ele assim então. Depois desta conversa, percebemos que uma horda de andarilhos vinham subindo o morro onde estávamos, avisamos os outros e apressamos um pouco as coisas e saímos de carro, descendo o morro.

29/11 - Fogo fim

Acordamos em uma cela, todos na mesma cela e Antônio estava presente! Já etávamos achando que passaríamos a noite trancafiados numa cela de 2x2metros com o nosso amigo adolescente todo ferido e desacordado. Eis que surge um soldado falando que o superior deles tinha uma proposta: um dos nossos teria que lutar com ele em uma batalha que ou nos libertaria ou nos manteria ali. Aldo (que tinha visto o ringue e já estava maluco para subir lá e praticar boxe) se ofereceu e foi. Assistimos da jaula os gritos e aos gritos a luta. Pensamos que Aldo fosse perder, pois começou apanhando, mas deu uma resposta com tanta força que nocauteou o cara, e continuou batendo se os militares não o impedissem, talvez matasse o cara esmurrando.
Diante de tamanha violência, os subalternos ficaram muito confusos, pois não imaginavam que seu líder ia perder, mas todos eram mais fracos que ele e não se arriscariam a lutar contra Aldo, mesmo ele estando cansado. Mesmo a contragosto honraram o trato de seu superior e nos libertaram, sem deixar que levássemos nada. Saímos de lá carregando o Antônio, ainda desacordado. Pegamos algumas coisas na floresta para lhe fazer uma maca e diminuir o risco desse transporte. Somente depois de tudo isso encontramos um descanso...
Deveria ser mais de meia noite quando entramos em um hotel de estrada no alto do morro. Vasculhamos o local tomando muito cuidado para ver se não havia presença de andarilhos no local. Aparentemente o hotel estava limpo, provavelmente evacuado no início da epidemia. Incrivelmente conseguimos comida e água quente para o banho. Aldo preparou uma janta, e discutimos planos para o próximo dia. Sabemos que os militares não vão largar do nosso pé, afinal nos soltaram a contra-gosto.

29/11 - Fogo parte 3 de 4

O jipe é concertado e ouço um barulho (como se algum pastor estivesse pregando, o que é muito estranho em nossa situação). Passamos pelas casas, que agora estão em brasas graças aos militares. Para isso precisamos chegar bem perto e passar pelo lado daquela poça de horrores que descrevi antes. Enfim encontramos uma igreja, ótimo lugar pra passar a noite, se dentro dela não tivesse um padre em frente à nave da igreja pregando em alto e bom som. Olhamos para os bancos e vimos a nave repleta de mortos-vivos que resmungavam e olhavam para o padre. Ele estava enlouquecido e nos convidou a passar a noite ali. Nos levou até seu quarto, depois de passarmos relutantemente pelo corredor central da igreja, seu quarto estava cheio de velas e tinha um documento do governo. Pegamos o documento e saímos pelos fundos da igreja sem que o padre nos visse, e dali o mais rápido possível. Pegamos uma trilha para Itajaí e a caminho de lá chegamos em uma torre de rádio, completamente abandonada. Paramos lá para dormir. Hector abre o documento e contemplamos em horror a cidade de São Paulo devastada por uma bomba nuclear. Não conseguimos nem conversar esta noite, no silêncio percebo que ninguém estava conseguindo dormir, até que perco a consciência.
Depois disso são barulhos e gente nos chamando para fora do nosso esconderijo. Os militares nos encontraram!

Chão, revista, braçadeira, caminhão, prisão militar.

29/11 - Fogo parte 2 de 4


O carro virou e paramos no final da relva. Alguns andarilhos nos perceberam, e como tática, resolvemos acabar com eles antes de mexer no jipe, até por que Hector disse que seria muito fácil arrumá-lo, ainda mais por estar virado, o que já resolveria metade do trabalho.
Então aconteceu uma coisa extraordinária: um andarilho enorme estava se aproximando pela rua.. Enorme e gordo e lento. Nícolas deu a ideia de o aguardarmos atrás do arame farpado para que ele se enrolasse lá... Percebi que umas pústulas de sangue se formavam no pescoço dele e explodiam, muito nojento e talvez perigoso. Enquanto tentávamos chamar sua atenção para que ele pegasse o caminho certo, Aldo arremessou uma pá acertando em cheio no monstro que explodiu em sangue e órgãos internos, aqueles pedaços nojentos se espalharam pelo chão formando uma área vermelha e quente... 
Três andarilhos se levantaram, como que puxados pelo cheiro daquela poça de carne e sangue. Nícolas e Hector foram concertar o jipe e fiquei observando para ver se os andarilhos não viriam atrás de nós. Mas não, eles continuaram lá se lambuzando e comendo aquela coisa morta-morta no chão... De repente, um dos andarilhos ataca outro (nunca havia visto isto antes) e começa a se alimentar dele também, o outro também é mordido pelo primeiro, e eles continuam até que não sobre muito de nenhum dos três.

29/11 – Fogo parte 1 de 4



Que dia! Senhor, que dia longo! Tenho até poucas forças para escrever.
Nesta manhã saímos atrás de mantimentos, sem muitas preocupações. O adolescente foi deixado em casa, afinal achamos que seria mais seguro para ele, e para nós também. Se soubéssemos o quanto estávamos errados!

Nícolas lembrava de um mercado perto da casa onde passamos a noite, então resolvemos ir até lá ver o que tinha. Saímos de casa tomando muitas precauções, a saída da casa era feito pela garagem o que nos permitia ter alguma visão antes de ficarmos muito expostos.
O dia estava extremamente quente de sol, e encontramos apenas um andarilho dentro de um container fervendo pelo calor excessivo. A criatura nem se mexia. O mercado que procurávamos estava fechado, então demos a volta pelo corredor lateral achando que encontraríamos uma entrada de empregado. Não foi o caso, mas encontramos uma janela vascular que Hector conseguiu desmontar para entrarmos. Lá dentro vimos que o mercado estava barricado por dentro, encontramos mantimentos e Hector quase foi mordido por um andarilho dentro do mercado escondido em um canto. Percebi que havia mais um corredor para os fundos do mercado e Nícolas logo tomou a dianteira para ver o que tinha por lá. Chegamos em um escritório do dono do mercado que guardava um cofre... Nícolas de alguma forma obscura para mim descobriu a senha e abriu o cofre. Lá dentro havia uma arma e drogas (acredito serem cocaína) que logo pegamos para poder negociar (caso venha a ser necessário). Me pergunto o que este tal de Nícolas fazia antes disso tudo ocorrer, um cara que conhece pontos como esse e nem pareceu surpreso em encontrar drogas ali.
Saindo do mercado abatemos alguns andarilhos que estavam se amontoando pelo beco e bloqueando a saída, e ouvi um barulho de porta se fechando já do outro lado da rua.

Apesar de minha relutância, Nícolas e Hector insistiram que fôssemos investigar, e não gostamos dessa história de nos separar. Fomos investigar juntos e encontramos um sobrevivente em uma escola abandonada. Entramos na escola, encontrando algumas coisas interessantes como uma porta da qual Aldo (novo sobrevivente) não conhecia. Este cara novo, Aldo, é muito estranho, mas parece ser sozinho e disposto a cooperar para sobreviver, veio com a gente.
Os militares apareceram fazendo muito estardalhaço e descobriram o nosso abrigo na casa onde a gente estava ficando e levaram o adolescente... Ele foi levado. Além disso incendiaram a garagem da casa, mas foi possível apagar antes que chegasse ao motor e explodisse tudo. É muito bom ter um bombeiro no grupo o truque foi usar areia que havia em abundância no outro lado da rua.
Naquela porta onde atrás da escola encontramos um abrigo subterrâneo com armas e combustível para um jipe militar que estava do lado de fora. Ao sair do abrigo, mais andarilhos haviam sido atraídos, provavelmente ainda pelo barulho feito pelos militares, e eles retornaram (acreditamos que o pirralho nos dedurou para os militares). Saímos de lá rapidamente com o jipe militar entrando em relva baixa. Na corrida, Nícolas perdeu o controle do carro e viramos, eu e Aldo na traseira do jipe conseguimos nos segurar bem, mas foi por pouco.

28/11 – Dia da padaria



Hoje encontramos um adolescente preso em um prédio que parecia ser de uma padaria. Eu e meus amigos, conseguimos entrar e resgatá-lo. Até aí tudo bem, o adolescente era muito barulhento e tentamos fazer ele calar a boca para não chamar atenção de todos os andarilhos da cidade (ou do estado). Às vezes é estranho pensar que já se passaram 3 meses desde que esta epidemia virulenta começou.. já é difícil ter qualquer notícia precisa sobre o que está acontecendo no resto do mundo, ou se algum dia irão achar uma solução para este problema.
No local em que encontramos o rapaz, que se chama Antônio, também haviam algumas coisas interessantes como açúcar, sal e farinha de trigo. Bens que não hesitamos em pegar enquanto saímos às pressas do local.
Lá dentro também encontramos um mapa em cima de uma mesa que estava mais suja que o mapa. Neste mapa estava a cidade de Balneário Camboriú com informações importantes como o fato da ponte da BR101 saindo de Balneário Camboriú em sentido sul foi dinamitada. Além disso, havia muitos pontos vermelhos, que Hector, sendo um bombeiro, identificou como pontos de concentração dos militares, nesta época, boa indicação do que evitar. Havia também um rádio de curta frequência lá dentro, de um soldado que havia morrido e virado um ambulante. O rádio começou a chamar e eu tentei despistar os outros soldados para que não viessem até o local, mas antes não o tivesse, eles vieram mais rápido até o prédio acreditando que seu colega havia sido morto por nós! Claro que o abatemos, mas ele já era um zumbi.
Num ato de loucura saímos do local às pressas, conseguimos um carro na rua e partimos em disparada, um dos soldados atirou em nosso carro, mas por sorte um dos nossos acertou ele e ele não conseguiu acertar nenhum de nós. Ainda assim a força militar estava em nosso encalço, pedindo para que nos rendêssemos através da rádio FM comunicação militar com civis.
Buscando a melhor rota de fuga, fomos parar em uma casa no interior do bairro Ariribá aqui em Balneário Camboriú mesmo, onde estamos passando a noite. A casa pertencia a um casal que estavam já infectados e mortos quando chegamos no local. Havia no quintal dos fundos uma menina que encontramos acorrentada. Parece, pelo que disse Hector, que eles foram mordidos enquanto tentavam alimentá-la, e que provavelmente era sua filha.


A casa é segura, apesar de ser perto de um dos postos militares, o adolescente deu algumas ideias para manter o local mais discreto, espero que seja o suficiente pelo momento. Foi pura sorte encontrar tal casa com placas de energia solar e água na caixa. Será possível passar uma noite decente afinal. Só me preocupa esse garoto que encontramos, ele foi abandonado por outro grupo, ninguém abandona um adolescente sem um bom motivo, seria muito desumano.
Só me resta acreditar na sorte, e me preocupar com os horrores pela manhã.

Apresentação

Tive a intenção de criar este diário, pois como historiador, é meu dever registrar os acontecimentos deste cataclisma mundial. Se estas humildes linhas chegaram até você leitor, significa que minha sobrevivência nesta terra não foi em vão. Espero ter boas notícias para contar no fim deste documento, mas como este é o início, não sei como termina.
A primeira data em que resolvi registrar os acontecimentos é hoje, dia 28 de novembro de 2010. Antes disso não tinha encontrado forças e condições mentais para redigir nada, sobreviver estava tomando todo meu tempo, e perdi muitos companheiros com os quais me relacionei neste mundo pós apocalíptico. Já fazem três meses que vivemos entre os mortos, que se levantaram e têm fome de carne humana. Segue abaixo os acontecimentos de hoje e os seguintes, conforme eu me sinta em condições de escrever.